Durante décadas as intolerâncias alimentares eram aceites somente como patologias infantis, mas isso mudou, hoje em dia podemos constatar intolerâncias alimentares em todas as faixas etárias, alcançando um grande interesse na população.

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As intolerâncias alimentares fazem parte das patologias mais prevalentes a nível mundial. Ainda assim os dados estatísticos não são conclusivos até aos dias de hoje, pois podem variar conforme as definições e métodos utilizados na realização dos estudos.

As intolerâncias alimentares na atualidade
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As intolerâncias alimentares fazem parte das patologias mais prevalentes a nível mundial.

De acordo com um estudo realizado pela Universidade do Porto em 2015, de 15 a 20% da população mundial é acometida por alguma intolerância alimentar, o que afeta diretamente o estilo de vida dessas pessoas.  

Neste contexto a comunidade cientifica está a explorar cada vez mais as intolerâncias alimentares para trazer melhores diagnósticos e tratamentos. 

As intolerâncias alimentares são caracterizadas por reações adversas de caráter não-imunológico, não estão relacionadas com o fator imunológico (igE), como no caso das alergias alimentares. 

A definição para reações adversas baseia-se na identificação de sintomas indesejáveis e desconfortos recorrentes do consumo de determinados alimentos, que geralmente são tolerados pela maioria das pessoas.  

Neste sentido a maior diferença entre as alergias e as intolerâncias alimentares está relacionada com o tempo em que ambas se manifestam. 

Os sintomas decorrentes das alergias alimentares manifestam-se em segundos ou minutos após a ingestão do alimento, porém os sintomas ocasionados por intolerâncias alimentares podem levar horas ou dias.

Os tipos predominantes de intolerâncias alimentares abrangem:  

Intolerâncias a hidratos de carbono: causadas na maioria dos casos por dois motivos específicos:

– Falha na produção de enzimas responsáveis pela digestão;

– Má-absorção a nível intestinal.  

Intolerância a aditivos alimentares: é observada uma relação entre o consumo de produtos ultra processados e reações adversas, pois estes produtos contêm diversos componentes químicos (aditivos) na sua lista de ingredientes, porém não há comprovativo dos mecanismos de ação destes aditivos no organismo.

Intolerâncias a proteínas: também estão relacionadas a uma produção diminuída de enzimas digestivas. 

A intolerância mais comum entre as pessoas é a lactose, encontramos a lactose no leite de mamíferos e nos seus derivados (iogurtes, manteiga, natas, queijos) este tipo de intolerância está relacionado com o grupo dos hidratos de carbono, diferente da alergia à caseína (proteína do leite e seus derivados), que por sua vez é menos comum.

Os sintomas de intolerância alimentar estão relacionados com os fatores singulares de cada indivíduo. Os sintomas mais comuns apresentados podem variar em: dor e distensão abdominal, diarreia, obstipação, cefaleias, eczema, urticária, fadiga, dores musculares, dificuldades de concentração, ansiedade ou depressão, entre outros. 

Os alimentos comumente citados a estes sintomas são: leite, trigo, feijão, café, cebola, couve e alimentos muito picantes ou fritos. 

Entre 50 a 84% dos pacientes diagnosticados com alterações gastrointestinais associam o aparecimento dos sintomas com as intolerâncias alimentares (Universidade do Porto, 2015).

O tratamento mais comum para esta patologia é à restrição alimentar, juntamente com as substituições adequadas a estes alimentos, para que o paciente alcance uma alimentação equilibrada e saudável, é essencial que pessoas com intolerâncias alimentares sejam acompanhadas por um nutricionista, pois é o profissional mais adequado para direcionar o tratamento e a reeducação alimentar.

Uma das dietas mais utilizadas atualmente é a dieta com baixa ingestão de FODMAP (alimentos fermentáveis) e aditivos alimentares, para isso é importante restringir o consumo de alimentos ultra processados. A dieta com baixa quantidade de FODMAP tem apresentado eficácia na melhoria dos sintomas, mas ainda assim o acompanhamento e monitoramento dos alimentos e reações deverá ser mantido como parte central do tratamento.   

Como abordado nesse artigo, a individualidade das pessoas em relação aos sintomas e a proposta terapêutica serão sempre melhor direcionadas através de um acompanhamento guiado e desenvolvido à medida.